sábado, 6 de novembro de 2010

O pudor português pode ser medido com uma fita métrica, tem 750m

É por demais conhecida a distância que separa os nossos políticos da realidade. Não vou aqui falar do desmentido e negação da realidade (questões para os psicanalistas) a que estas pessoas recorrem para se defenderem. Para mim bastam coisas mais simples para verificar que a distância entre os políticos e a realidade é grande, e arrisco já um número: 750m

A realidade quase todos conhecemos. Estamos em pleno século XXI e as opções individuais de cada um há muito tempo que deixaram de ser motivo de censura e controlo por parte da sociedade. Caíram muitos tabus, incluindo os sexuais, e passámos a conviver melhor com a diferença e a diversidade.

A nudez já não é algo pecaminoso e que tem de ser escondido. A maioria das pessoas aceita a nudez alheia desde que o contexto seja o apropriado. Aceitam-na da mesma forma que aceitam pessoas que agem ou se vestem de forma radical e irreverente. Aceitam-na como uma opção pessoal de cada um. Muitos estão-se simplesmente "nas tintas".

A aprovação da nova lei naturista vem-nos mostrar como a Assembleia da República está, de facto, a 750m da realidade.

Obrigar a que os espaços destinados aos naturistas estejam a mais de 750 metros doutros locais faz tanto sentido com obrigar a que as pessoas feias mantenham uma distância de segurança das pessoas bonitas.

Obrigar a que os espaços naturistas sejam sinalizados a 100 metros do seu início faz tanto sentido como haver um sinal de trânsito de "PERIGO: Pessoas pobres a 100m".

Só faltou mesmo obrigar os naturistas a andar com o guizo, porque os cegos também têm pudor!