... demos à opinião dos outros o peso que esta realmente merece, pouco ou nenhum!
Poderemos, através de uma compreensão descomplexada das distorções do sistema de valores à nossa volta, adoptar uma postura de misantropia inteligente, livre de mecanismos orgulhosos ou defensivos.
Há já muito tempo que os filósofos sugeriram que, quando começamos a escrutinar as opiniões dos outros, nos sujeitamos a fazer uma descoberta simultaneamente triste e curiosamente libertadora: que as opiniões da maioria das pessoas sobre a maioria dos assuntos são extraordinariamente erróneas e confusas.
(...)
A aprovação dos outros pode ser importante para nós por duas razões; materialmente, porque a negligência da comunidade pode acarretar desconforto e danos físicos; e, psicologicamente, porque pode revelar-se impossível retermos a confiança em nós próprios se deixarmos de contar com o respeito dos outros.
É relativamente a esta última consequência, a falta de atenção, que os benefícios da abordagem filosófica vêm ao de cima, pois que em vez de deixarmos que qualquer manifestação de oposição ou negligência nos afecte, somos convidados a avaliar da justeza do comportamento dos outros. Só aquilo que for simultaneamente condenatório e verdadeiro é que deve abalar a nossa estima. Devemos travar o processo masoquista através do qual procuramos a aprovação das pessoas enquanto não nos questionarmos se as suas opiniões merecem ser ouvidas, o processo que nos leva a procurar o "amor" daqueles que, a um exame mais atento, se revelam indignos do nosso respeito.
Poderemos, através de uma compreensão descomplexada das distorções do sistema de valores à nossa volta, adoptar uma postura de misantropia inteligente, livre de mecanismos orgulhosos ou defensivos.
Há já muito tempo que os filósofos sugeriram que, quando começamos a escrutinar as opiniões dos outros, nos sujeitamos a fazer uma descoberta simultaneamente triste e curiosamente libertadora: que as opiniões da maioria das pessoas sobre a maioria dos assuntos são extraordinariamente erróneas e confusas.
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A aprovação dos outros pode ser importante para nós por duas razões; materialmente, porque a negligência da comunidade pode acarretar desconforto e danos físicos; e, psicologicamente, porque pode revelar-se impossível retermos a confiança em nós próprios se deixarmos de contar com o respeito dos outros.
É relativamente a esta última consequência, a falta de atenção, que os benefícios da abordagem filosófica vêm ao de cima, pois que em vez de deixarmos que qualquer manifestação de oposição ou negligência nos afecte, somos convidados a avaliar da justeza do comportamento dos outros. Só aquilo que for simultaneamente condenatório e verdadeiro é que deve abalar a nossa estima. Devemos travar o processo masoquista através do qual procuramos a aprovação das pessoas enquanto não nos questionarmos se as suas opiniões merecem ser ouvidas, o processo que nos leva a procurar o "amor" daqueles que, a um exame mais atento, se revelam indignos do nosso respeito.
in Status Ansiedade de Allan de Botton
3 comentários:
A respeito da Filosofia, a forma mais simples de a colocarmos ao nosso serviço... é que mais importante do que procurar respostas é levantarmos questões constantemente. E não aceitarmos o que o sistema nos vende como um dado adquirido.
Péricles, este trecho que citei é, de facto, um pouco sobre isso, sobre questões, sobre termos uma atitude activa, ao invés de nos deixarmos enredar passivamente nas opiniões dos outros... =) Devíamos, no nosso dia-a-dia, seguir os exemplos dos filósofos.
O único dogma que tenho, é a de que não existem verdades absolutas... Eu sou um amante dos clássicos, não é por acaso que o meu nick é Péricles... ;)
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